Evento virtual aconteceu em junho
No dia 5 de junho, o Observatório de Conflitos de Interesse (ObservaCoI) realizou um webinário para debater como empresas privadas exercem influência sobre políticas públicas e os riscos que essas práticas representam para a segurança alimentar e nutricional no Brasil. O encontro teve como foco o papel do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) e os desafios para garantir que interesses corporativos não comprometam direitos e programas voltados à população.
A programação reuniu especialistas de diversas instituições. A abertura foi conduzida pelo ObservaCoI, seguida da palestra de Bia Gouveia (ObservaCoI/UERJ), que apresentou uma análise sobre estratégias de atividade política corporativa e situações de conflito de interesse na agenda de segurança alimentar e nutricional. Em seguida, Ana Maya (Idec) discutiu a interferência do setor privado a partir de casos documentados nos Dossiês Big Food, que reúnem evidências sobre a atuação da indústria de ultraprocessados nas políticas de alimentação e saúde.
Representando o GDPP/USP, Mariana Levy apresentou resultados parciais de uma pesquisa sobre adesão do setor privado ao Sisan, realizada em parceria com o Nupens/USP e coordenada pela professora Ana Paula Bortoletto. A pesquisa, financiada pelo Instituto Ibirapitanga, investigou lacunas regulatórias, obstáculos e possíveis soluções para que recursos privados sejam direcionados a políticas de combate à fome sem comprometer a integridade do sistema e evitando conflitos de interesse. Entre os resultados, Levy destacou a predominância de investimentos privados em educação (70% dos recursos), a baixa destinação a iniciativas de alimentação e combate à fome, barreiras burocráticas e a ausência de regras claras para prevenir a influência indevida da indústria em programas governamentais.
O debate foi mediado por Inês Rugani (ObservaCoI/UERJ) e contou com as participações de Mariana Santarelli (FBSSAN) e João Peres (O Joio e o Trigo), que discutiram caminhos para fortalecer o controle social e garantir que políticas públicas priorizem o interesse público em detrimento do corporativo.
O evento foi aberto ao público e buscou ampliar a discussão sobre como garantir a transparência e proteger a formulação de políticas de segurança alimentar e nutricional em um cenário de crescente atuação privada. Assista: